sábado, abril 09, 2005

A Imprensa Regional no séc. XXI - REFLEXÕES

Dado a questões relacionadas com a matéria, pareceu-me interessante falar-vos sobre uma conferência a que assisti e que me pareceu merecer uma séria reflexão.

Hoje, dia 9 de Abril, teve lugar no auditório de Vale de Lobo uma conferência sobre a imprensa regional. Organizada pelo Jornal do Algarve, na sequência do seu 48º aniversário, a conferência intitulada «A Imprensa Regional no séc. XXI», contou com a presença do Dr. Pinto Balsemão, do Dr. Fernando Reis (director do Jornal do Algarve) e do senhor Sander van Gelder (presidente do grupo de empresas de Vale de Lobo).
Primeiramente, Fernando dos Reis
falou-nos sobre a valorização da imprensa regional, algo que me pareceu de importante reflexão, uma vez que, a imprensa regional desempenha uma importante função na sociedade, visto que tem uma maior proximidade e papel mais intersectivo com a comunidade em que se insere, do que os grandes meios de comunicação social.
Segundo uma sondagem da Marketest (20003/20004), a imprensa regional no Algarve apresenta uma percentagem de 10, 97%, alcançando a melhor média a nível da imprensa regional.
O jornal do Algarve prima pela seriedade e pelo amor ao Algarve. O seu fundador, José Barão, pretendia um jornal em que a sua voz que se fizesse ouvir do Algarve à outra ponta de Portugal. De facto, trata-se de um projecto informativo que tem acompanhado as constantes inovações tecnológicas. A substituição do off set, do preto e branco pelas cores, por uma edição on-line, pela formação dos seus colaboradores, entrando na Era Digital. Este jornal, parceiro do Expresso, tem como objectivos «o combate por grandes causas e desenvolvimento da região» – palavras de Pinto Balsemão.
Vejamos agora outra questão. Uns anunciavam o desaparecimento da imprensa escrita com a chegada dos novos meios, contudo, não passaram de meras superstições, pois a imprensa soube adaptar-se e tirar partido das mesmas. Ela soube «agarrar o futuro» (Pinto Balsemão). Por seu turno, é agora que se valoriza mais a cultura. As novas tecnologias trouxeram, sem dúvida, novos desafios, com a criação de sites, edições electrónicas, onde se podem actualizar constantemente as informações. De vincar que, a linguagem em papel é diferente da linguagem em Internet pelas próprias características do meio. A recente tecnologia como a RCC de que nos falou Pinto Balsemão, trata-se de uma forma de selecção dos conteúdos muito à semelhança da «actualité google» de que falamos já em aula. Saliente-se que esta questão fez com que jornais como o Expresso on-line passassem a ser pagos. Já com 2000 assinaturas, principalmente os estrangeiros, conseguem aceder à adição primeiro em on-line do que em papel. Outra funcionalidade será a pasta dos arquivos, muito útil para investigadores que pretendem aprofundar informação.
Vivendo na chamada 3º Revolução, a da Informação, Balsemão falou-nos ainda do livro «Nós os Média» em que evidencia o facto de que todos nós nos tornamos jornalistas, numa troca de ideias em que existe apenas «uma linha divisória entre produtores /leitores de informação». Toda a gente informa e actua, ao fim ao cabo, como jornalistas sem regras, sem deontologia. Isto leva-nos para questões de manipulação de informação que podem ser orientadas por motivos religiosos, políticos, e que põem em causa a credibilidade de fontes.
A Internet apresenta um turbilhão de novidades, pioneirismos que tem de amadurecer e que não pode ser considerada como algo de nocivo. Tem de haver um equilíbrio entre o sistema clássico e o jornalismo emergente. Neste sentido, podemos falar dos blogs que são opinião, mas também informação. No entanto, deve-se ter em atenção quem escreve a informação. No caso da SIC o “cantinho dos comentários” teve de ser suspenso dado às barbaridades que nele eram colocadas, bem como notícias falsas.
Vivemos numa sociedade de universalização da informação, onde tudo nos chega em tempo real. Vejamos o caso do funeral do Papa que foi acompanhado por todos os cantos do mundo ao mesmo tempo. Saliente-se que, embora tenham havido tentativas de universalização de, por exemplo, canais televisivos como a CNN ou a BBC essas fracassaram. Por exemplo a MTV tentou emitir um programa para o mundo inteiro veiculando uma cultura musical planetária, tentativa que fracassou.
Os media são causa e efeito do que está a acontecer. A cultura global não triunfa e os meios de comunicação têm de preservar as culturas – papel dos Jornais Regionais. «Todos os media devem lutar para os nacionalismos e regionalismos».
Nesta Era da Informação, devem-se criar laços tribais com a cultura, numa sociedade que se organiza cada vez mais em rede. Pinto Balsemão mencionou que temos necessidade de um novo Marx, de rever ideologias, de criar novos sistemas preservando os valores que criem defesas contra tudo isto. Por sua vez, os novos poderes são de difícil controlo porque são globais. E os meios de comunicação devem funcionar como antídoto.
Os novos meios oferecem-nos novas possibilidades, de informação mais rápida e actualizada o que condiciona o jornalismo e a nova forma de fazer jornalismo. As empresas tendem a ser multimédia, em que o público receptor é, cada vez mais, interveniente.