quarta-feira, maio 18, 2005

Sobre o ensaio de Daniel Dayan: A fabricação televisiva dos Monstros do Mediterrâneo

Monstros do Mediterrâneo parece-me uma expressão algo desajustada para um francês, especialmente se tivermos em conta que a França foi um dos expoentes máximo das execuções públicas, isto séculos atrás.
Penso que a questão do conflito israelo-palestiniano é parecida, em certa medida, à velha máxima: Quem nasceu primeiro? O ovo ou a galinha? De facto, este conflito já leva várias décadas e a sua origem é tão antiga como os grandes feitos da Humanidade. Esta comunicação não trata das razões deste conflito, mas sim da forma como este é interpretado pelos media.
Acima de tudo trata-se de uma questão de imparcialidade, imparcialidade que parece não haver nos media franceses segundo Dayan, imparcialidade que é necessária no trabalho do jornalista e que aprece em vários códigos deontológicos.
Temos que tentar ver as imagens televisivas como uma realidade filtrada e compreender que nunca estamos na posse dos mesmo códigos que o indivíduo que filmou as imagens. A distância pode ser um entrave mas também pode ajudar a uma maior imparcialidade. Um israelita morto e um palestiniano morto podem não parecer a mesma coisa pelo simples facto de que o primeiro ataca com metralhadoras e o outro com pedras, pelo simples facto de que o primeiro ataca com tanques blindados e o outro morre para fazer explodir uma bomba. A morte é o que os une, tal como a sua condição. Ambos são pessoas, podem ter culturas diferentes, pontos de vista e mentalidades diferentes, mas são pessoas. Como pessoas que são devem ser respeitadas e os suas opiniões têm que ser julgadas com coerência.
As posições políticas podem influenciar os media, particularmente a televisão e condicionar as imagens que esta mostra. Só cabe à sociedade lutar pelos seus direitos e liberdades, lutar para que a censura não domine o que os nossos olhos vêem e crêem como verdadeiro.